01 –
Tradicionalmente, evoca-se no Natal a fraternidade, apresentando-se a
mensagem de Jesus como gloriosa convocação ao esforço pela edificação
de uma sociedade fraterna e solidária. Não obstante, estamos longe de
semelhante realização. Por quê?
A mensagem de Jesus ainda é, para a maioria dos homens, uma bela
história, que não se cansam de apreciar, particularmente o comovente
episódio da manjedoura. Raros percebem tratar-se, sobretudo, de um
roteiro de renovação para a humanidade.
02 – O que
está faltando para a vivência do Evangelho?
Usando um termo bem atual, falta-nos empatia, segundo o Aurélio, a
tendência para sentir o que sentiria caso se estivesse na situação e
circunstâncias experimentadas por outra pessoa. É à nossa
insensibilidade que devemos debitar o prodígio de convivermos “numa
boa” com a miséria da periferia, com os indigentes dos hospitais,
com a carência das crianças de rua, como se tudo isso fizesse parte de
um mundo distante, e não da cidade onde moramos, da comunidade em que
vivemos.
03 – Qual o
termo equivalente no Evangelho?
É a misericórdia, que se exprime na compaixão pelas misérias alheias.
Quem não se compadece não se envolve não se empenha não se dispõe
àquela doação permanente de seu tempo, de sua vida, em favor dos
necessitados de todos os matizes, que é a força maior do Evangelho.
04 – O
Evangelho estaria mais na cabeça do que no coração…
Exatamente. Sabemos que a miséria deve ser combatida, que é preciso
socorrer os necessitados, alimentar o faminto, educar o analfabeto…
Talvez até contribuamos com uma parcela de nossos recursos, de nosso
tempo. Não obstante, sem misericórdia, o fazemos em proporção ínfima
diante do que somos capazes. Um mentor espiritual costumava nos dizer
que no esforço do evangelho o que fazemos está sempre muito distante
do que podemos fazer.
05 – Madre
Teresa de Calcutá seria um exemplo dessa empatia misericordiosa?
Sem dúvida! foi por senti-la que dedicou a vida aos sofredores de
todos os matizes, lamentando ser o seu esforço uma gota d’água no
oceano das misérias humanas. Num mundo orientado pelo egoísmo, Madre
Teresa é reverenciada por tratar-se do espantoso fenômeno de uma
mulher que se decidiu a vivenciar integralmente o Evangelho e, por
isso, dedicou-se integralmente ao próximo.
06 – O voto
de pobreza, o total despojamento em relação aos bens materiais, como
vemos em Madre Teresa, seria o caminho para essa empatia
misericordiosa?
Não necessariamente. Não é “pecado” ter dinheiro, riqueza, bens
materiais. Se o homem bem de vida servir-se da riqueza, sem se tornar
seu servo, poderá realizar prodígios em favor de multidões carentes.
07 – Tendo em
vista o grande movimento desenvolvido pelas entidades espíritas no
campo social, podemos dizer que os espíritas são misericordiosos?
Alguns, talvez. Mas estamos caminhando para essa grande realização. Já
estamos conscientes de que é preciso fazer todo bem ao semelhante,
como recomendava Jesus. O empenho de servir, ainda que por mera
consciência de dever, é a ante-sala da misericórdia.
ERRATA - EDIÇÃO
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PERGUNTAS QUE
NOS FAZEM
Se a pessoa
apresenta sintomas de mediunidade – vê espíritos, desmaia, tem crises
de depressão e angústia, mesmo assim deve freqüentar durante algum
tempo esses cursos?
Numa situação de
desajuste psíquico o paciente experimenta esses fenômenos apenas por
superexcitação da sensibilidade, sem que tenha, necessariamente,
mediunidade a desenvolver, isso só o tempo definirá.