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Boletim
Informativo da
Associação Espírita de Estudos Evangélicos Francisco de Paula Victor |
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A resignação possível quando se compreende as leis de Deus |
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Em vão revolta-se o ser humano contra o sofrimento, argumenta Mauro P. Fonseca, em trabalho publicado na Revista Reformador (maio/2002). Debate-se inconformado com a “má sorte”, culpando tudo e todos pela adversidade que o atinge. Rebelde, busca desforço, elegendo alguém como “bode expiatório”, para descarregar toda insânia do seu desespero. Encharca-se de rancor, ou deixa-se abater por profundo desânimo, com que agrava sobremaneira as dores que o infelicitam. Desprezando os caminhos da lógica, do bom senso e da razão, endivida-se cada vez mais, onerando os comprometimentos futuros, que se avolumam inexoravelmente. Os atos intencionais da vida, todos com origem no pensamento, carregam em sua natureza o estado evolutivo do agente, que guarda estreita relação com o grau de responsabilidade, relativo ao progresso alcançado por ele. A lógica nos mostra que existe, ainda, uma gradação crescente de responsabilidade, conforme a intenção se mantenha apenas no pensamento, se exteriorize pela palavra, ou se consume pela ação. E existe relação direta entre as ações violadoras das leis divinas e dos códigos de moral do Evangelho do Cristo, e os sofrimentos e dores que elas geram, como conseqüência natural daquelas violações. Para compreensão do tema, cumprirá, em primeiro lugar, admitir como absolutamente infinitas a sabedoria e bondade do Criador, incapaz, por isso, de cometer a mais insignificante injustiça. Aquilo que ao observador menos atento possa parecer injustiça de Deus, no que tange ao comprometimento das criaturas, em verdade é apenas fruto de sua má interpretação ou incapacidade de compreensão ou da falta de conhecimento para analisar e avaliar com exatidão os acontecimentos. Em segunda consideração, será necessário admitir como verdade absoluta que a finalidade da existência é o contínuo e incessante esforço do ser, na busca do aperfeiçoamento espiritual, dando cumprimento aos impositivos da Lei do Progresso. Neste trabalho, estará inevitavelmente sob os efeitos da Lei Causal, onde a toda ação corresponde uma reação, cuja natureza lhe é correspondente. Que princípio automático mais perfeito poderia orientar o processo evolutivo dos seres senão o da reciprocidade? Assim, o homem cria o determinismo do futuro, cada vez que transgride o determinismo Divino, que é o determinismo do bem absoluto. Vivemos hoje o que criamos no passado, e iremos colher no futuro o que estamos semeando agora. Onde encontrar lógica mais perfeita? Onde encontrar justiça mais absoluta? Quando o Cristo ensinou que o conhecimento da verdade nos faria livres, estava a convocar os que O ouvem ao esforço libertador, cuja força de expressão maior é a busca incessante da luz. Logicamente, porém, ao que mais se esforçar, maior parcela de luz se incorporará; quanto mais avance em conhecimento e moral, mais se lhe ampliarão os horizontes e as perspectivas de felicidade futura e principalmente de liberdade. Há, ainda, profunda lógica no preceito evangélico do Cristo, quando ensina: “a cada um, conforme suas obras”, isto é: cada um colherá o que semear. Aprofundando a interpretação desta verdade, reconheceremos que a lógica reside principalmente no fato de vivenciarmos as conseqüências das próprias realizações. De que maneira mais perfeita poderemos saber aquilo que fizemos passar os que agredimos, aqueles cujos direitos violamos, senão passando pela mesma situação? Como poderemos avaliar as dores que provocamos, se não as sentirmos nós próprios? Como conhecer integralmente o amargor ou a doçura que semeamos em nossos caminhos, se não lhes sentirmos o paladar? É por meio destes recursos que a reencarnação nos oferece meios de progresso. Por isso, ao nascermos num meio adverso, que melhor partido poderemos tirar desta oportunidade, senão aceitarmos com paciência e resignação os travos da dor e as agruras do sofrimento que nós próprios criamos? Ouçamos as exortações de Santo Agostinho, inscritas em O Evangelho segundo o Espiritismo: “Será a Terra um lugar de gozo, um paraíso de delícias? Já não ressoa mais aos vossos ouvidos a voz do profeta? Não proclamou ele que haveria pranto e ranger de dentes para os que nascessem nesse vale de dores? Esperai, pois, todos vós que aí viveis, causticantes lágrimas e amargo sofrer e, por mais agudas e profundas sejam as vossas dores, volvei o olhar para o Céu e bendizei do Senhor por ter querido experimentar-vos...” (cap. V, item 19). As dificuldades encontradas para aceitar estas verdades residem no fato de o referencial dos homens ser sempre a vida atual; a existência em transcurso. A realidade, porém, é que as realizações sempre antecedem a eclosão dos efeitos. Isto não quer dizer que as ações praticadas numa existência não possam gerar conseqüências dentro dela mesma, isto é, dentro do mesmo programa encarnatório em que foram praticadas. O efeito de uma causa sempre surgirá no futuro, mas não necessariamente em existências posteriores. A simples observação mostra-nos que criamos, com freqüência, situações cujos efeitos se fazem sentir quase imediatamente, dentro da mesma existência. O que nos faz, enfim, resignados ante o infortúnio é o quinhão de verdade que já possuímos em nosso acervo de conquistas, é o poder de compreensão das leis que nos governam. O conhecimento sempre nos ampliará a percepção, e com essa visão descortinaremos mais largos horizontes, onde se ocultam a ventura e a paz eternas. |
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