Boletim Informativo da
Associação Espírita de Estudos Evangélicos
Francisco de Paula Victor
 
.

OS OBJETIVOS NA EVANGELIZAÇÃO INFANTO-JUVENIL

          Um dos mais importantes trabalhos desenvolvidos pelas nossas casas espíritas é o da evangelização infanto-juvenil. Mais do que nunca, temos convicção de que se trata de tarefa imprescindível para a continuidade e qualidade do movimento espírita como um todo, sem mencionar da própria casa espírita.

Cientes disto consideramos que nunca é demais discutirmos propostas de trabalho nesta área, para que diferentes idéias e contribuições possam somar-se aos esforços até então empreendidos, visando os objetivos da educação espírita de nossas crianças e jovens.

Exemplo disto são as propostas extraídas do importante livro Contribuições às Reflexões sobre as Práticas Evangelizadoras da Infância, do Departamento de Evangelização da Infância da USE de São Paulo, organizado por Adalgiza Campos Balieiro. Trata-se de obra fundamental para consulta de todos aqueles que se engajam nesta sublime tarefa. Examinando o conteúdo do referido livro, deparamo-nos com o resultado de uma larga experiência vivida por todos aqueles que, de uma forma ou de outra, colaboraram para sua consolidação.

Merece destacar, inicialmente, as três áreas de desenvolvimento que a Evangelização Espírita deve objetivar, segundo Adalgiza:

a) moral (comportamento);

b) formação religiosa (sentimento) e

c) assimilação da Filosofia Espírita (pensamento).

Notemos que a abordagem destas três áreas está em perfeita consonância com as capacidades de pensar, sentir e agir, isto é, as potências da alma, segundo ensina Léon Denis, em O problema do ser, do destino e da dor, terceira parte, lembrado pela autora.

O trabalho pedagógico tem, então, o objetivo maior de ajudar o ser a transformar estas potencialidades em capacidades, integrando-as definitivamente ao seu patrimônio espiritual. Em suma, o objetivo repousa no desenvolvimento moral do ser, no estímulo ao seu caráter religioso, como também na assimilação da Filosofia Espírita. Chamamos a atenção para o fato de que o foco neste objetivo tem a tendência de motivar e facilitar a canalização de esforços daqueles que abraçam semelhante tarefa.

Aliás, vale recordar aqui a orientação de Herculano Pires, também destacada por Adalgiza, para quem “nenhuma aula de evangelização espírita impõe dogmas de fé, nem pretende realizar a internalização dos princípios espíritas, pois sua finalidade é o contrário: despertar na criança as suas forças interiores e fazê-las aflorar no plano da consciência”.

Por este motivo é que, em nossas aulas, não devemos dar conceitos prontos ou acabados, atividades vazias (pregar papel sobre papel, grãos sobre uma linha previamente traçada, trabalhos mimeografados e desenhos prontos para a criança preencher ou colorir), pois que eles impedem o trabalho interior que a criança realiza na construção do seu conhecimento, o que torna a ação pedagógica sem efeito. E mais, faz-se necessária uma transformação nas nossas estruturas de ensino, visando novas metodologias para atender as exigências de um mundo novo que se aproxima para o qual a mera retenção teórica de ensinamentos evangélicos e/ou doutrinários, da maneira tradicional, não leva a mudanças de comportamento.

Por último, cabe mencionar a importância da afetividade aliada ao conhecimento espírita daqueles que se engajam na tarefa. Por mais que pese a necessidade de recursos didáticos, de tecnologia, de técnicas de ensino, o amor unido à boa base doutrinária do educador espírita são os ingredientes imprescindíveis sem os quais os objetivos dificilmente são alcançados na evangelização espírita infanto-juvenil, como vem demonstrando a experiência.

 

Fonte: Contribuições as Reflexões sobre as Praticas Evangelizadoras da Infância (Organizadora: Adalgiza Campos Balieiro). São Paulo: Edições USE, 1997.


Rua Armindo Tank, Nº 80 • Cep 13484-299 • Vila Anita • Limeira - SP • Telefone: (19) 3451-4272