1.    O que se passa com os espíritos encarnados cujos corpos ficam meses, e até mesmo anos, em estado vegetativo?

 

Chico - Seu estado será de acordo com sua situação mental. Há casos em que o espírito permanece como aprisionado ao corpo, dele não  se afastando até que permita receber auxilio dos Benfeitores Espirituais. São pessoas, em geral, muito apegadas à vida material e que não se conformam com a situação. Em outros casos, os espíritos, apesar de manterem uma ligação com o corpo físico, por intermédio do perispírito dispõem de uma relativa liberdade. Em muitas ocasiões, pessoas saídas do coma descrevem as paisagens e os contatos com seres que já os precederam na passagem para a Vida Espiritual. É comum que após essas experiências elas passem a ver a vida com novos olhos, reavaliando seus valores íntimos. Em qualquer das circunstâncias, o Plano Espiritual sempre estende seus esforços na tentativa de auxilio. Daí a importância da prece, do equilíbrio, da palavra amiga e fraterna, da transmissão de paz, das conversações edificantes para que haja maiores condições ao trabalho do Bem que se direciona, nessas horas, tanto ao enfermo como aos encarnados (familiares e médicos).

 

2. Quanto tempo medeia entre a chamada morte- antigamente era só a paralisia do coração, agora é a parada das zonas cerebrais- e o desligamento do Espírito? Considerada a morte, a pessoa continua ainda com alma pressa ao corpo.

 

           Divaldo - De fato, porque ainda existe interpenetração do Espírito com a matéria e o processo de desprendimento, nesse caso, é muito lento. Para nós, o processo da reencarnação, se efetua desde o instante da concepção e se alonga até os primeiros anos de vida, no período da primeira infância... de acordo com o comportamento que o individuo tem de desprendimento, de abnegação, ou de uma vida muito imediatista, muito material, ou se trata de um sexólatra, de um viciado, o seu apego à matéria é tão grande que ele experimenta, mesmo tendo a matéria - no sentido biológico - já morrido, estado de perturbação. Quem crê em Cristo já passou da morte para a vida. O mal nunca faz bem. Não guardes contigo perigo desnecessário.

 

 

           3. O que a Doutrina Espírita, pode falar a respeito de doação de órgãos, sabendo-se que o desligamento total do espírito pode às vezes ocorrer em até 24 horas e que, para a medicina, o tempo é muito importante para a eficácia dos transplantes? O Espiritismo é contra ou a favor dos transplantes?

 

          Chico Xavier - O benefício daqueles que necessitam consiste numa das maiores recompensas para o espírito.  Desse modo, a Doutrina Espírita vê com bons olhos a doação de órgãos. Mesmo que a separação entre o espírito e o corpo não se tenha completado, a Espiritualidade dispõe de recursos para impedir impressões penosas e sofrimentos aos doadores. A doação de órgãos não é contrária às Leis da Natureza, porque beneficia; além disso, e uma oportunidade para que se desenvolvam os conhecimentos científicos, colocando-os a serviço de vários necessitados.

 

                4.   Que postura devemos ter perante a eutanásia? Estando o corpo físico sendo mantido por instrumentos, o espírito continua ligado a ele ou não?

 

    Chico Xavier - Os profissionais e responsáveis por pacientes que consentem com a prática da eutanásia, imbuídos de idéias materialistas, desconhecem a realidade maior quanto à imortalidade do Espírito. A morte voluntária é entendida como o fim de todos os sofrimentos, mas trata-se de considerável engano. A fuga de uma situação difícil, como a enfermidade, não resolvera as causa profundas que a produziram, já que estas se encontram em nossa consciência. É necessário confiar, antes de tudo, na Providência Divina, já que tais situações consistem em valiosas lições em processos de depuração do espírito. Os momentos difíceis serão seguidos, mais tarde, por momentos felizes. Deve-se lembrar também que a ciência médica avança todos os dias e que males antes incuráveis, hoje recebem tratamento adequado, além disso, em mais de uma ocasião já se verificaram casos de cura em pacientes desenganados pelos médicos. Quanto à outra questão, respondemos que sim, os aparelhos conseguem faze com que o Espírito permaneça ligado a seu corpo por meio de laços do perispirito. Isso ocorre porque eles conseguem superar, até certo ponto, as descompensações e desarmonias no fluxo vital do organismo, causadas pela enfermidade.

Fonte: Revista “Informação” - Ano XXVI nº. 310.  Agosto/2002