Boletim Informativo da
Associação Espírita de Estudos Evangélicos
Francisco de Paula Victor
 
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AS CAUSAS DA INCREDULIDADE

              Na maioria dos episódios em que Jesus curava os enfermos que lhe buscavam, tinha o hábito de afirmar: tua fé te salvou!

            É expressiva a afirmativa do Mestre, porquanto a fé, tida como algo místico e abstrato, em realidade possui o condão de produzir efeitos benéficos, e embora à princípio inacreditáveis, repousam em leis naturais.

            Observemos a afirmativa de Santo Agostinho, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 19:

“É a fé o remédio certo do sofrimento; ela mostra sempre os horizontes do infinito, diante dos quais se apagam os poucos dias sombrios do presente (...) não nos pergunteis mais qual remédio é preciso empregar para curar tal úlcera ou tal chaga, tal tentação ou tal prova; recordai que aquele que crê é forte pelo remédio da fé.”

            Allan Kardec, com a divina inspiração que lhe concederam os Espíritos Superiores, consignou, nesta mesma obra, a observação de que a fé religiosa, que é a crença nos dogmas das diferentes religiões do planeta, pode se desdobrar em duas: a fé cega e a fé raciocinada. A primeira, em não examinando nada e aceitando sem controle o falso como verdadeiro, tende a produzir inúmeros malefícios. Entre eles, pode-se citar o fanatismo, quando a fé cega é levada ao excesso. A segunda, porém, é a única segura do futuro, porquanto nada tem a temer do progresso.

            Discorrendo mais sobre o assunto, o Codificador do Espiritismo resumiu, didaticamente, as principais causas que envolvem a ausência de fé nas criaturas, explicando que, em grande parte, elas se resumem em:

            a) negligência;

            b) medo se ser forçado a mudar de hábitos e

            c) orgulho em reconhecer uma potência superior e se inclinar diante dela.

            Vale mencionar, ainda, que a maneira pela qual as coisas são apresentadas às pessoas é o que as incita à incredulidade. Afirma Kardec: “É o dogma da fé cega que faz hoje o maior número de incrédulos” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.XIX, item 7).

            A fé que não se apóia na razão tende a agravar as causas da incredulidade, segundo o Codificador, estimulando as criaturas a continuarem negligentes e receosas no que tange à mudança de hábitos, sem mencionar a dificuldade em combater o orgulho daqueles que não conseguem enxergar motivos racionais para a crença em Deus.

            Importante considerar, também, que a fé raciocinada é requisito para que se alcance, inclusive, a almejada fraternidade entre os povos. Conforme ilustra Kardec em A Gênese – os milagres e as predições segundo o Espiritismo (cap.XVIII, item 17), a fraternidade deve ser a pedra angular da nova ordem social; mas não há fraternidade real se ela não se apóia sobre uma base inabalável; essa base é a , não em tais ou quais dogmas, mas em princípios fundamentais (Deus, a alma, o futuro, o progresso individual indefinido, a perpetuidade das relações entre os seres) que todo o mundo pode aceitar.


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